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Who's Dead - Orquídea Negra

Aí vem coisa que remonta os tempos áureos da minha juventude. Sendo assim, antes de falar da obra, não posso deixar de expor um pouco do contexto da época, com boa dose de saudosismo. Orquídea Negra é uma banda que nasceu em Lages, Santa Catarina, mesma cidade onde passei toda minha infância e adolescência. Por essa feliz coincidência geográfica, eu e meus amigos acompanhamos sua trajetória desde o começo. Como éramos uns anos mais novos que os integrantes do Orquídea, não tenho dúvida que eles exerceram grande influência musical sobre nós. Logo após entrarmos de cabeça no som pesado, já conhecendo vários clássicos, muito bem assistidos pelo incrível acervo da Cacimba Discos Raros (saudade dos gurus Jaques e Nelo Casagrande), ainda faltava algo. Era até meio óbvio o que era, mas eu só visualizei isso com clareza após assistir um ensaio do Orquídea. Ter uma banda, ora bolas! Essa vontade acabou se concretizando mais ou menos no mesmo momento que esse disco foi gravado. Particularmente nunca voei alto fazendo músicas. Meu auge foi com a Mutating Engine, pela qual levamos nosso thrash para algumas poucas (mas boas) apresentações, sendo uma (a única remunerada) no palco alternativo da Festa do Pinhão. Também gravamos uma demo tape com os equipamentos da Só Som, gentileza e parceria dos membros da Razamanaz, irmãos do Paulinho (que inclusive consta nos agradecimentos do disco do Orquídea). Mas enfim, depois dessa breve história pessoal, vamos falar do trabalho dos amigos que dedicaram muito mais talento e trabalho para a música.

Who's Dead foi gravado em São Paulo no ano de 1992, e é um clássico completo do heavy metal nacional. Agora em 2015 está de volta ao mercado, em nova reedição de luxo, com um trabalho primoroso feito pela Since 72 Records. Vinil azul e tiragem limitada em 300 cópias numeradas a mão. Além de capa e encarte em material de alta qualidade.

Os integrantes da banda que participaram da gravação foram:
André "Boca" Graebin: vocal
Robson Anadon: guitarra, teclado
Vinícius Porto: guitarra solo
Fernando Tavares: baixo
Marcelo "Tio Menas" Menegotto: bateria

LADO A
1. Surrender: A abertura dos trabalhos não poderia ser melhor. Na minha opinião é a melhor música do disco. A rapaziada acertou tudo em cheio, riffs, vocais, pré refrão, refrão. Aliás, o refrão é um capítulo a parte, daqueles inesquecíveis.
2. Christmas Night: Épica! Na verdade está encostada em Surrender na minha lista de mais cotadas. Perde da faixa inaugural por um cabelinho. André emplacou outro refrão matador, dos que ficam ecoando na mente.
3. I'm Calling For Your Soul: Tem uma forte pegada no estilo Judas Priest. Pode facilmente passar como algo dos britânicos, mas apenas para quem não conhece esses catarinenses que tem heavy metal correndo nas veias.
4. Wonderful And Lost: Consistente e com um clima sombrio, tem um dos instrumentais mais legais do disco.
5. It's Easy To Remember: É uma bela balada com um potente refrão.

LADO B
1. Run To The Hell: Uma das músicas mais rápidas, na qual a influência de Iron Maiden fica clara. Vina quebra tudo no solo de guitarra, para mim o melhor registrado nesse disco.
2. Mr. Powerful: Quando o disco foi lançado era a minha preferida. Acho muito massa o backing vocal do Ferpa compartilhando o refrão. Além de uma lembrança física da época que ainda guardo comigo, uma baqueta jogada ao público no show do teatro Tamoio, se bem recordo essa era a música que a galera mais se quebrava na platéia. Pelo menos até o meio da composição, onde há um justo e breve descanso. Sonzera!
3. Hunting Devil: Esse som mostra bastante técnica de todos os músicos. Bem elaborada, exige e recebe uma execução precisa.
4. Miss You: É a balada que as meninas gostavam. Nesse momento o negócio era sair da muvuca, procurar a gatinha e dar aquele amasso. Se Boca e Ferpa compuseram essa música para voltar com alguma namorada de um deles, devem ter conseguido completar a missão.
5. The Darkness (Bonus Track): Esta faixa não existia na primeira edição do disco e se mostrou um ótimo bônus nesse relançamento de 2015. Vai do peso rápido a um clima mais soturno, passando por um invocado solo. Muito boa.

Deixo aqui meu grande abraço para os amigos Boca, Robinho, Vina, Tio Mena e Ferpa. Seu trabalho é parte importante da música pesada brasileira e da vida de quem os conheceu na época de lançamento desse registro. O 262 de 300 já está dentro do baú de rock, e dali ninguém o tira. :-D

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