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Olympia - Dalida

O talento e tragédia se encontraram com força na vida de Dalida. Ela nasceu no Egito em 1933, tinha ascesdência italiana e naturalizou-se francesa. Gravou mais de 50 discos,somando os de estúdio e ao vivo. Neles gravou canções em 10 idiomas: francês, italiano, alemão, espanhol, inglês, árabe, japonês, holandês, hebraico e grego. Em 1950 foi eleita missa Egito, o que a fez participar de alguns filmes. "Suas buscas no cinema francês não são satisfatórias, e ela então aceita a oportunidade de cantar em um cabaré na Itália." 

O suicídio foi uma circunstância que sempre esteve presente na sua vida. "Dalida teve em sua vida três homens suicidas (...) e se sentia cada vez mais sozinha e pesarosa por passar sua vida inteira dedicada a sua carreira e a homens que ela acreditava serem o ideal a cada relacionamento, além do fato de não ter podido exercer a maternidade."

Destes três apenas um estava se relacionando com ela quando se suicidou. Só este breve trecho já mostra o peso da sua vida "Dalida inicia um romance com o cantor italiano Luigi Tenco, o qual havia passado cinco anos trabalhando em uma música chamada "Ciao amore ciao". Ele e Dalida a cantariam no Festival de Sanremo de 1967, o evento mais importante de música italiana, que ocorreu na trágica noite de 27 de janeiroOs jurados não gostaram da canção e eles foram desclassificados. Tenco ficou arrasado e não compareceu ao jantar dos artistas após as apresentações. Depois Dalida foi para o hotel e encontrou Luigi morto no chão do quarto do hotel. O cantor se suicidara com um tiro de pistola na orelha, deixando claro em um bilhete que não se matou porque cansara de viver, mas sim como forma de protesto contra os jurados do festival."

"Um mês depois do suicídio de Tenco a cantora arquitetara um plano de suicídio. Dalida teria fingido sair de Paris em direção ao Aeroporto de Orly e de lá embarcar em um voo para a Itália. No entanto ao invés de fazê-lo, Dalida se hospedou no quarto 410 do Hotel Príncipe di Galles, o mesmo em que havia se hospedado com Tenco antes de Sanremo. Dalida nexou na maçaneta da porta uma mensagem com o aviso “Não perturbe” e antes de ingerir vários medicamentos escreveu três cartas: uma ao ex-marido, uma à mãe, na qual rogava para que não se desesperasse e outra a seu público. Dalida foi salva pela intervenção de uma uma camareira que percebeu por baixo da porta a luz que estava acessa há mais de 48 horas, advertindo então o gerente do hotel. Um funcionário acessou o quarto da cantora através de um quarto vizinho e a encontrou na cama em estado de coma. Dalida viria a sair do estado de inconsciência após 5 dias ficando de repouso por quatro meses e voltaria a se apresentar em junho de 1967 sendo aclamada pelos franceses em seu retorno aos palcos."

Seu próximo amor também deve ter inspirado muita melancolia. "Em 1973, Dalida e o cantor Richard Chanfray iniciam um romance. No começo os dois se entendem bem, mas depois de um certo tempo, Richard se revela um homem agressivo, machista e insuportável. As brigas se tornam frequentes e Dalida tenta se separar dele em diversas ocasiões, mudando de ideia sempre que ele fazia cenas de arrependimento e sentimentalismo tão intensas a ponto de ela ter pena e o conceder novas chances. O relacionamento seria finalmente rompido em 1981, quando Richard já era apresentado como tendo problemas mentais - ele era alquimista e dizia ter poderes paranormais como ressuscitar animais mortos, transformar metal comum em ouro, além de dizer ser a reencarnação do misterioso Conde de St. Germain que viveu no século XVIII. Dois anos após o fim da relação com Dalida, Richard e sua nova namorada se suicidariam, em julho de 1983."

"Após anos de buscas através da filosofia, religião e misticismo a fim de preencher o vazio que a jogara em profunda solidão em virtude de abandonos afetivos e juras não cumpridas, Dalida se suicida aos 54 anos de idade no dia 3 de maio de 1987 ingerindo elevada dose de barbitúricos, por achar que já tinha dado tudo de si e que nada mais seria novidade para uma profissional que trabalhava incessantemente. Ela deixou duas cartas: uma a seu irmão Orlando e outra ao seu companheiro François Naudy, além de uma nota de suicídio ao seus fãs com a frase: “Pardonnez-moi, la vie m'est insupportable” (Me perdoem, a vida se tornou insuportável para mim)."

O disco que tenho aqui foi lançado em 1967. Destila muita tristeza e um pouco de romantismo. Mas na última música a alegria aparece rapidamente, com uma versão em francês de "A Banda" de Chico Buarque. Nele também está Ciao Amore Ciao, a composição que motivou uma das suas perdas, narrada acima.

Com textos da preciosa Wikipedia.

2 comentários:

  1. Talvez uma de suas melhores postagens, Alexandre. Como o ser humano faz de uma vida de holofotes um martírio, não? Ainda bem que gênios como Ray Charles - que não nasceu cego - não se entregaram como Dalida. Que vida...

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  2. Obrigado, Álvaro. De fato, alguns artistas vão fundo no sofrimento. A história do suicídio do Luigi Tento foi a que me deixou mais impressionado. Tenho alguns discos do festival de San Remo. Vou procurar para saber se tenho o da edição deste ano.

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